Mathias Cardoso de Almeida
Nascimento: ~ 1605
Origem: Terceira, Açores

Nasceu por volta de 1605, na Ilha Terceira, no Arquipélago dos Açores, em Portugal.

Casou-se em São Paulo, SP, com Isabel Furtado (Prado), filha do português Luís Furtado e da brasileira Felipa Vicente do Prado.

 

 

Mathias foi “ativo sertanista que tomou parte em várias bandeiras”.

Em 1641, participou da bandeira de Jerônimo Pedroso de Barros ao sul do Brasil.

Em 1656, participou da bandeira de Luís Pedroso de Barros que chegou até o Peru. Faleceu antes de retornar, não se sabe a data. A notícia de sua morte chegou em São Paulo em 1662.

 

Mathias faleceu entre 1656 e 1662, no sertão do Brasil.

Foi pai de quatro filhos e duas filhas:

1.1. Bárbara Cardoso, casada com Domingos Lopes de Lima, nascido em Pernambuco, filho de Sebastião Lopes e de Maria de Lima. Domingos faleceu em 1667, em São Paulo, SP, e Bárbara faleceu após 1667.

 

 

Bárbara foi a instituidora da capela do Bom Jesus do Perdão (ou dos Perdões ou da Cana Verde, como chamam hoje), entre a cidade de Atibaia e a vila de Nazaré Paulista, “à distância de légua e meia de qualquer dessas povoações”. Foi ela que, no fim do século XVII, fez a doação do patrimônio, sendo dita capela, que foi benta em 1705, e colocada sob a proteção de seu filho, o Padre Manoel Cardoso de Lima, o qual nessa data obteve licença para aí batizar e fazer enterramentos sem prejuízo dos direitos do pároco da freguesia de Nazaré, a cuja paróquia pertencia e ainda hoje pertence.

Bárbara foi proprietária de importante fazenda de cultura em Nazaré Paulista, a qual passou a seus descendentes.

 

1.2. Salvador Cardoso de Almeida, casado com Anna Maria Raposo da Silveira, filha do português Antonio Raposo da Silveira e da brasileira Maria Raposo de Siqueira. Salvador faleceu em 1690 (com testamento escrito em 1685). Após a morte de Salvador, Anna Maria casou-se pela segunda vez, com Paulo da Fonseca Bueno, filho de Diogo Bueno e de Maria de Oliveira, a Filha. Paulo faleceu em 1702, em São Paulo, SP.

1.3. Tenente-General Mestre-de-Campo Mathias Cardoso de Almeida, casado em São Paulo, SP, com Inês Gonçalves Figueira, nascida em Santos, SP, filha do Capitão Manoel Affonso Gaya e de Maria Fernandes Figueira.

 

 

Mathias foi nobre cidadão de S. Paulo e serviu os cargos da república. A seu respeito escreveu Pedro Taques:

Este paulista fez várias entradas ao sertão e conquistou grande número de índios bravos, e no modo da guerra contra os gentios se fez um famoso soldado com grande disciplina de modo que, entre os mais cabos do seu tempo, teve aplausos de excelente capitão.

Em 1672, quando Fernão Dias Paes Leme foi encarregado de comandar uma expedição à procura de esmeraldas no sertão de Sabarabuçu, solicitou o auxílio de Mathias Cardoso de Almeida. Para este efeito Fernão Dias justificou a necessidade que havia da sua pessoa, expressando ser muito conveniente que fosse como seu adjunto, por ter grande experiência daquele sertão e dos gentios dele, onde já havia conseguido entradas de importância, procedendo com muito valor e boa disposição na conquista dos gentios que domara. Em 13 de março de 1673, Mathias recebeu carta-patente de Capitão-mor para esta missão.

Em 1673, Fernão Dias e Mathias partiram para o sertão de Sabarabuçú (atual Sabará, MG) e Cataguazes, e penetrando naqueles vastos sertões, neles não perderam os exploradores os mais eficazes exames para o descobrimento da prata. Sendo passados 3 a 4 anos de constante trabalho e de vida laboriosa, toda empregada em busca de minas, à custa dos maiores sofrimentos de calamidades de um sertão inculto, retrocedeu Mathias com todos os mais que formavam o corpo militar com que de São Paulo saíra o governador Fernão Dias.

Em 1680, Mathias estava em São Paulo quando chegou o administrador geral Dom Rodrigo de Castelo Branco para organizar uma expedição para o sertão da serra do Sabarabuçú, a que vinha mandado pelo sereníssimo príncipe Dom Pedro. Em Janeiro de 1681, Mathias recebeu a patente de Tenente-General, pois Dom Rodrigo percebeu que, para conseguir sua entrada naquele sertão, precisava levar paulistas sertanistas de valor e experiência de guerra contra os índios bárbaros. Mathias ofereceu-se a participar da expedição sem receber soldo algum e, além disso, fornecer 60 negros seus para ajuda dessa jornada.

Além de Mathias no posto de Tenente-General, formaram-se três companhias de paulistas voluntários sem soldo algum, uma das quais capitaneada por Manoel Cardoso de Almeida (irmão de Mathias). A estas três companhias se reuniram os índios e alguns soldados que estavam em Santa Catharina, cuja colônia fora tomada pelos castelhanos, com seu governador feito prisioneiro. Entretanto, com este triunfo dos castelhanos naquelas paragens, notaram os paulistas que começava a aparecer uma total frouxidão em Dom Rodrigo (e no mineiro João Alves Coutinho) para a entrada no sertão, e se ia passando o melhor tempo da monção por estarem entrados em mês de Março.

No dia 16 de Março de 1681, em conseqüência, Mathias, estimulado do zelo e ardor ao real serviço, com desafogo de vassalo leal e brioso, apareceu na Câmara e expôs a seus oficiais que ele observara uma grande repugnância no mineiro Coutinho, que por ordem de Sua Alteza viera da Bahia para a busca das minas de prata, ouro e pedras preciosas; por cujo merecimento estava percebendo de soldo cada mês 20$000, havia já 2 anos e meio; e que nestes termos devia ser constrangido a ir, sem que a escusa que dava de seus achaques e idade avançada de 68 anos se lhe admitisse.

Sendo chamado pelos oficiais camaristas no mesmo ato o dito João Coutinho e, fazendo-se-lhe carga das suas escusas, disse que já não tinha dentes, e se achava muito impossibilitado para andar por sertão; porém que assim mesmo se sacrificaria a ir. Animou-se o Tenente-General Mathias Cardoso, dizendo naquela assembléia que ele não vencia soldo algum e só recebia a honra de se empregar no real serviço, por Sua Alteza querer desta vez ficar desenganado de haverem ou não tais minas; que já na jornada do sertão das Esmeraldas acompanhara muitos anos ao governador Fernão Dias Paes, à custa de sua própria fazenda, indo em pessoa com seus escravos armados, com pólvora, chumbo e balas; fazendo as despesas de todo o necessário para semelhantes empresas, sem gastar um só real da fazenda de Sua Alteza; e que da mesma forma obrava agora para esta jornada de Sabarabuçú com Dom Rodrigo; e que se obrigava a conduzir ao mineiro Coutinho em rede nos ombros de 60 índios seus administrados, que para isso os oferecia, e de lhe assistir com todo o necessário sustento no sertão, e que de tudo isto se lavrasse termo para todos assinarem; e assim se executou.

No início de Maio de 1681 a tropa de Dom Rodrigo saiu de São Paulo com 60 índios para o trem de sua pessoa, e outros 60 da administração do Tenente-General Mathias Cardoso, para conduzirem o mineiro João Alves, e 120 mais para o trabalho das minas.

No dia 26 de Junho de 1681, Dom Rodrigo, que marchara em direitura ao sertão, aportou ao arraial de São Pedro, onde o veio encontrar Garcia Rodrigues Paes, no qual se formou o auto de apresentação e entrega que lhe fez das esmeraldas que seu pai o governador Fernão Dias Paes havia descoberto no reino das Mapaxós para que fossem remetidas à corte a Sua Alteza.

Dom Rodrigo seguiu ao arraial do Sumidouro a tomar posse em nome de Sua Alteza dele e das demais terras que Garcia Paes lhe havia oferecido, e das serras das quais Fernão Dias extraíra esmeraldas. Nisto limitou-se a administração de Dom Rodrigo, e foi tal a sua inutilidade que, chegada aos ouvidos de Sua Alteza, este o mandou recolher por sua real ordem em 1682. Segundo Pedro Taques, a esta altura Manoel da Borba Gatto, vendo a inação de Dom Rodrigo, se precipitou tão arrebatado de furor, que, dando em Dom Rodrigo um violento empurrão, o deitou ao fundo de uma alta cata, onde caiu morto.

Em 1682, Mathias recolheu-se a São Paulo, el teve descanso somente até o ano de 1689, em que seu merecimento foi lembrado na Bahia para lhe ser confiada a pacificação do Rio Grande da capitania do Ceará, em conseqüência das hostilidades dos gentios daqueles ásperos sertões.

Pelos anos de 1687 ou 1688 os moradores da capitania do Ceará recorreram ao governador geral do Estado, pedindo socorro contra os gentios daqueles sertões, que tinham feito grandes danos na cidade e seu recôncavo. O governador pediu a São Paulo o socorro de sua gente, solicitando por carta de 30 de Agosto de 1689 ao Capitão-mor governador de São Vicente e São Paulo, que enviasse o socorro dos paulistas para a guerra dos bárbaros gentios do Rio Grande.

No ano de 1689, com efeito, o Mestre-de-campo Mathias Cardoso formou o seu terço em São Paulo, e se pôs em marcha através de 500 léguas de sertão até o rio São Francisco. Porém, como a gente do seu terço não era suficiente em número para a guerra, deixou ordenado em São Paulo ao Capitão-mor do seu regimento, que fosse formando os mais soldados da guerra e seus capitães, para todos saírem em companhia com o dito Capitão-mor, e irem incorporar-se com ele, Mestre-de-campo Mathias Cardoso no rio São Francisco. Com efeito o Capitão-mor formou em São Paulo as mais companhias de infantaria que ainda faltavam para o terço do Mestre-de-campo. Esta companhia do Capitão-mor marchou pelo sertão até o rio São Francisco, onde se achava postado o Mestre-de-campo, a quem o sobredito governador-geral do Estado constituiu governador absoluto da guerra contra os bárbaros gentios do Rio Grande e Ceará. Incorporado o Capitão-mor com o Mestre-de-campo no rio de São Francisco, nele ainda se deteve o exército paulistano quatro meses enquanto chegava a ordem do Governador para marchar este corpo e dar princípio à guerra intentada.

Destacou este militar corpos até a barra do Jaguaribe, cujo sítio foi destinado para arraial e acampamento. Deu-se princípio à guerra no sertão do Rio Grande, onde se matou e destruiu a maior parte do inimigo. Por espaço de sete anos em guerra viva andaram as armas dos paulistas debaixo sempre do comando e disposições militares de Mathias Cardoso, que aprisionando muita parte dos inimigos bárbaros e metendo-se outras de paz, deixou totalmente livre as terras do Rio Grande e Ceará.

Com esta conquista ficaram totalmente livres os grandes sertões do Rio Grande e Ceará, cujas terras depois desta guerra foram povoadas, como até hoje existem, com grande aumento dos reais direitos nos gados vacuns e cavalares, de que abundam os estabelecimentos por todo o Rio de São Francisco, Ceará e Piauí, e distritos das capitanias da Bahia, Pernambuco e Maranhão.

E os mesmos paulistas que foram triunfantes nesta custosa conquista, foram também os que abriram os trânsitos que até hoje seguem comunicando estas 3 capitanias.

Mathias ficou residindo, depois da guerra, nos sertões do Rio São Francisco onde teve copiosas fazendas de gado vacum e cavalar.

 

1.4. Luís, nascido em 1646, em São Paulo, SP (batizado em 20 de Maio de 1646).

1.5. Capitão Manoel Cardoso de Almeida, nascido em 1647, em São Paulo, SP (batizado em 19 de Janeiro de 1647). Casou-se com Anna Domingues de Faria, filha do Capitão Diogo Domingues de Faria e de Maria Paes (Rodrigues). Manoel faleceu antes de 1683, e Anna casou-se pela segunda vez, em 1684, em Sorocaba, SP, com Manoel Bueno da Fonseca, nascido em 1654, em São Paulo, SP, viúvo de Maria Leite (filha de Manoel de Carvalho de Aguiar e de Potencia Leite), filho de Diogo Bueno e de Maria de Oliveira, a Filha. Sem filhos deste segundo casamento. Manoel faleceu após 1700.

 

 

Em 1681, Manoel participou, como Capitão de Infantaria, na expedição comandada por seu irmão, Mathias Cardoso, que acompanhou Dom Rodrigo de Castelo Branco ao sertão de Sabarabuçú.

 

1.6. Catharina do Prado Cardoso, casada com Manoel Francisco de Oliveira.

 

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